terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma crônica no alto da estante.

     Eu queria fazer, faze-la, a mais bonita, a mais emocionante crônica. A crônica que amolecesse, o coração mais duro, abrisse, a cabeça mais fechada, fizesse cosquinhas nos lábios mais sérios e molhassem de leve, os olhos mais secos. 
     Queria fazer, todos que a lessem entenderem. Entenderam tudo, tudo que eu quero dizer, ao mesmo tempo, que teriam aquela dúvida, a dúvida que os cercaria para sempre, nunca os deixando esquecer. Eu queria uma crônica eterna. Que se passassem horas, dias, meses e anos, e ela esteja lá. Mas não lá, em um canto empoeirado, mas sim talvez, no alto de uma estante escondida. E quando se esquecerem, subam em um banquinho, façam pontas de pés e estendam com força seus braços, e lá a acharam, e quando a lerem, vão lembrar. 
     Queria fazer uma uma crônica, que voltasse no tempo, voltassem para aqueles três dias. Que trouxesse de volta, os sonhos, os sorrisos, a alegria, daqueles três dias. Algo, que conseguisse preencher minimamente o vazio que existe agora, a saudade que existe agora. 
     Queria na verdade, que essa crônica fosse um tempo. Um tempo para fechar os olhos, deitar a cabeça no vento, e deixar as lembranças dançarem nos nossos pensamentos. 
     Escolham a qual ritmo você quer que elas dancem. Na minha, elas estão dançando, na pousada do Jabaquara, em Paraty, onde um sonho, acabava de começar. Onde um coração duro, amoleceu, a cabeça mais fechada, se abriu, os lábios mais sérios, se contraiam ao sentir cosquinhas e os olhos mais secos, estavam molhados.
        



(Tema: Paraty)

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